O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno de característica neurobiológica. Atualmente, diversos medicamentos, terapias e acompanhamentos globais já são oferecidos para crianças e adolescentes com o intuito de amenizar alguns sintomas do transtorno. Porém, é preciso destacar que não existe uma cura propriamente dita, por não se tratar de uma doença e sim, de um transtorno. Sabendo disso, ao longo desse artigo vamos tratar sobre como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH.
A pessoa TDAH vai precisar lidar com esse transtorno por toda a sua vida. Por conta disso, o diagnóstico precoce é fundamental para auxiliar em terapias medicamentosas, ou não, de forma mais assertiva e levando esse indivíduo a um bem estar geral e uma qualidade de vida muito melhor.
Sabemos que o TDAH e as dificuldades de aprendizado prejudicam o desenvolvimento no âmbito escolar de crianças e adolescentes. Os dois fatores podem ser diagnosticados em uma mesma pessoa, mas, precisamos ter em mente que: o TDAH é um transtorno, e a dificuldade de aprendizagem é outro. Eles não devem ser misturados.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) o TDAH é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados neurológicos.
Neurobiologia e TDAH
O TDAH está envolvido na parte neuropsiquiátrica do ser humano. Estudos recentes mostram que isso acontece por conta da baixa concentração hormonal de noradrenalina e/ou dopamina em regiões sinápticas do cérebro, mais especificamente na região frontal, que é a parte responsável por controlar os impulsos, memória, organização, entre outras características. O TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais conhecidos na infância em todo o mundo.
Por causa da baixa concentração desses hormônios em regiões tão importantes do cérebro, o indivíduo pode apresentar três sintomas mais clássicos do TDAH, que são: Falta de Atenção, Hiperatividade e Impulsividade.
Claro que, esses três fatores por si só, geram sérias dificuldades para o processo de aprendizagem, socialização e integração.
Sobre os sintomas
A Falta de Atenção que observamos em pessoas TDAH, mostra em sua grande maioria que o indivíduo, por mais que tente, não consegue manter por períodos razoavelmente curtos sua atenção a um mesmo: conteúdo, livro, objeto, filme e até mesmo música (sabe aquele adolescente que escuta os primeiros 30 segundos de um música e já muda pra outra? É sobre isso que estamos falando). O cérebro de um jovem ainda está em desenvolvimento, vários hormônios estão afetando suas escolhas e percepções. Um exemplo simples dessa falta de atenção em aula é aquele aluno que precisa ler um único parágrafo no livro, um colega deixa a borracha cair no chão, ele para de ler o parágrafo e fica observando a borracha no chão. Por mais que ele se esforce para manter a atenção ao que foi pedido, seu cérebro está mandando outras informações, ou seja, naquele momento, olhar para a borracha no chão é mais importante que ler o parágrafo.
A Hiperatividade está relacionada ao excesso de movimentos que essa pessoa faz. O adolescente TDAH, não consegue ler um livro sem mexer uma perna, ou assistir um documentário (mesmo que o interesse) sem coçar os olhos, mexer no cabelo, coçar o nariz, levantar, e tudo isso muito rápido. Manter esse aluno sentado na cadeira por longos períodos é realmente desafiador, por isso, é importante que eles possam sair da sala de aula por breves momentos e depois retornar. Trabalhos ou jogos manuais também são recomendados.
A Impulsividade de acordo com o dicionário da língua portuguesa é definida por: – aquele que se comporta por impulso; que age sem reflexão; irrefletido. Que tem facilidade para se enraivar; genioso-. Dessa forma a Impulsividade ajuda a entender a maneira pela qual o indivíduo TDAH reage diante do mundo. Situações cotidianas podem tornar-se grandes batalhas, gerando fortes emoções. Tamanha é essa impulsividade que esse adolescente pode perder momentaneamente a capacidade de decidir entre o certo e o errado, isso porque ele age “sem pensar” e sem pesar as consequências. Exercícios de respiração, ensinar esse adolescente a mudar o foco no momento da impulsividade, são ações que podem auxiliar o desenvolvimento do ato de pensar antes de executar.
Como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH
Agora já sabemos que o aluno TDAH pode ter: Falta de Atenção, Hiperatividade e Impulsividade. Como então fazer com que esse aluno aprenda?
Aqui precisamos abrir nosso leque educacional. Se esse aluno tem dificuldade de aprendizagem ou está “para trás” nos conteúdos escolares. Como está sua autoestima? Como estão seus relacionamentos interpessoais com seus colegas e amigos da escola? Será que ele sofre bullying? Em certos momentos não será o TDAH o maior empecilho para esse aluno aprender, e sim a falta de motivação por não estar inserido no contexto escolar. Então, como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH?
Quando falamos em transtornos de aprendizagem precisamos entender que somos seres complexos, que o não entender fração, classe de palavras, teia alimentar, pode ser apenas a ponta do iceberg.
Crianças são crianças e adolescentes são adolescentes, eles precisam liberar energia, brincar, assistir o que gostam, às vezes se rebelarem. Isso tudo é típico da idade. Mas será que seu filho não está nas entrelinhas gritando por ajuda? As características do TDAH podem ser facilmente confundidas com as atitudes típicas de adolescentes, por isso precisamos de um grupo multidisciplinar para diagnosticar ou não o transtorno e identificar como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH. A falta de informação seja por parte da escola, dos profissionais da saúde e dos pais e responsáveis ainda são o maior obstáculo para que esse adolescente se entenda e possa aproveitar ao máximo a vida escolar e social.
Fatores que contribuem com o aprendizado de alunos TDAH
Nos adolescentes TDAH que possuem como característica marcante a Falta de Atenção, o que notamos é que quanto mais a pessoa se esforça para se concentrar, menos ela se concentra. Ela pode estar olhando para o livro, sem outras coisas para fazer. Passa uma mosca nesse momento, esse aluno vai “contemplar” a mosca. O que sabemos neurologicamente é que a atividade no córtex pré-frontal se desconecta ao invés de conectar ocasionando essa desatenção.
Por isso, quando um professor, pai, chefe ou qualquer outra autoridade chama a atenção dessa pessoa, coloca pressão sobre ela, ela “desliga”. Todos nós funcionamos melhor com elogios, e isso é ainda mais importante para as pessoas com TDAH.
O ambiente precisa ser estimulador. Nada de exercícios extremamente extensos. Errou a questão? Corrija. Acertou? Faça festa! Esse aluno precisa de estímulo positivo, o cérebro dele já tem sinapses disfuncionais o suficiente para que nós, professores, acrescentemos mais estresse.
Nos adolescentes onde a Hiperatividade impera, nem sempre você vai conseguir fazê-lo ficar “quieto”. Se for uma atividade onde ele possa completá-la e ficar mexendo as pernas, por que não permitir? Caso ele precise levantar, mostre os momentos em que isso é permitido e em outros que não. Terapias que ensinam autocontrole são muito bem-vindas. Como exemplos, temos a ioga, montar quebra-cabeça, exercícios físicos, incentivar a leitura em voz alta, e etc. São maneiras de usar diversos sentidos e treinar o próprio cérebro.
Já nos portadores de TDAH onde predomina a Impulsividade, a mente trabalha recebendo todos os estímulos de uma só vez, provocando uma alta sensibilidade em todos seus sentidos. Ao captar qualquer sinal ele reage sem avaliar os riscos. É aquele aluno que antes de terminar de ler a questão, responde, e geralmente responde errado.
Esse aluno é extremamente impaciente, não gosta de esperar sua vez para falar e pode acabar sendo estigmatizado por isso, pois rotineiramente vai interromper o colega, não vai pensar antes de falar, vai falar antes do professor concluir o pensamento, podendo de fato perturbar a turma. Precisamos sempre lembrar que esse aluno não faz isso de propósito, e quem mais sofre com essa característica é ele próprio.
De que maneira então trabalhar com esse aluno? Como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH? Uma boa forma é fazendo acordos antes da aula/atividade. Como assim? Combine com ele: depois que você ler isso, você vai responder tal questão. Depois que você assistir esse trecho do filme você vai criar esse desenho. Depois que seu amigo colocar todo o argumento dele você vai falar o seu, depois que eu concluir essa parte da matéria você pode fazer suas observações.
Com isso estamos ajudando esse aluno a ter paciência, ensinando autocontrole. Porém, esses acordos precisam ser feitos antes da atividade começar e precisam ser cumpridos. Nada de punir o aluno caso ele não faça o acordado. Relembre a ele sobre o acordo, diga que ainda não é momento para ele falar, prossiga com a aula e depois volte a ele. Isso é um exercício fácil? NÃO! Nem para professores nem para o aluno TDAH. Porém, a rotina e a repetição levam ao resultado almejado e esse aluno com o tempo nem precisará mais de acordos. É isso que queremos pra ele! Queremos que ele se auto regule e tenha uma vida plena.
Adolescentes TDAH e o ambiente escolar
Adolescentes com TDAH são, por vezes, o centro de questionamentos de pais e professores por conta da dificuldade em aprender, memorizar, se comportar. Por causa disso, recorrentemente, os responsáveis buscam apoio de pessoas especializadas.
A grande questão é que esses adolescentes não fazem “de propósito” a parte da inquietação, da desatenção, e da própria atividade motora inadequada. Pais que não aceitaram ou não perceberam que seu filho possui Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade terão um longo e penoso caminho na vida acadêmica dessa criança e mais tarde adolescente, pois esse indivíduo não receberá o tratamento adequado na idade apropriada gerando cada vez mais dificuldades escolares.
Nem todos os adolescentes TDAH precisam ser medicados, mas caso precise? Que mal há nisso, se for para um desenvolvimento intelectual e social melhores? Há inúmeros tratamentos para TDAH sejam eles medicamentosos ou não. O importante é que esse adoloescente tenha acesso a um diagnóstico o mais preciso e precoce possíveis.
Professores, Escola e TDAH
É importantíssimo que os professores conheçam os diversos tipos de transtorno de aprendizagem, entre eles o TDAH, para que não tenham a crença de que o adolescente está agindo dessa ou daquela forma para atrapalhar o rendimento da aula, para se opor a ele, por ser preguiçoso ou desatento.
Medidas simples, como: estudar em turmas menores, sentar mais próximo ao quadro e também ao professor, provas adaptadas com menos textos, mais imagens, perguntas mais diretas, poder levantar na hora da prova, ter um tempo maior para desenvolver certas atividades sem ser punido ou visto como “diferente” pelos seus colegas podem trazer ótimas oportunidades para esse adolescente e vantagens enormes para toda classe. Ninguém aprende da mesma forma, mas todo mundo aprende. Podemos ser um divisor de águas na vida dessas crianças e adolescentes de forma positiva, educacional e inclusiva.
Como a aplicação do método de ensino correto pode auxiliar seu filho TDAH a aprender?
Para os nossos alunos, sempre elaboramos aulas específicas para que seu rendimento escolar, familiar e social sejam melhorados. Dessa forma, aplicamos um método próprio sobre como melhorar o ensino-aprendizagem de adolescentes TDAH.
Nós, da Academia do Aprender, realizamos a gestão da rotina escolar do estudante para a promoção de uma aprendizagem significativa e para o desenvolvimento da autonomia e do hábito de estudos.
Leia também: Como ajudar o seu filho e tirar um “notão” nas próximas provas.
Essas questões são indispensáveis para o crescimento intelectual e psicológico do aluno. Em se tratando de alunos TDAH as questões emocionais, intelectuais, de conversa franca e calma são incentivadas, estimuladas e direcionadas para que o aluno alcance seu próprio objetivo.
Converse com a gente e comprove que uma aula dedicada ao seu filho pode fazer toda diferença na animação e interesse que ele apresenta pelos estudos.
Sobre a autora,
Daniela Camporez
Graduada em Biologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestra e Doutora em Biotecnologia pela Universidade do Espírito Santo com ênfase em doenças neurodegenerativas. Pós graduada em Educação Inclusiva pelo Centro Universitário UniAmérica. Sócia da empresa Academia do Aprender. Atua atualmente como Professora e Coordenadora da Academia do Aprender.